Lava Jato usou delações de Barusco de forma forjada para tentar fraudar outras duas: "Isso colocará Lula em Cena"

 O objetivo era envolver o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em mais um escândalo, visando tentar impedir o petista de se candidatar futuramente 


Procuradores da Lava Jato, Thaméa Danelon e Daltan Dallagnol 
(Facebook/Reprodução)

SULIVAN DAMASCENO 

Novas revelações de chats da antiga força tarefa Lava Jato mostram que os procuradores incluíram trechos sobre pagamentos de propina em pelo menos duas delações, apesar do material que eles possuíam ser probatório, ou seja, que sustentasse tal afirmação. Os diálogos foram revelados pelo site DCM que conseguiu mensagens analisadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Spoofing. 

Nas conversas, os procuradores Deltan Dallagnol (Delta) e Roberson Pozzobon (Robito), combinam como incluir o estaleiro Keppel Fels nas delações, uma vez que tinham apenas convicção de alguém de Keppel estava envolvido diretamente, como foi admitido por Pozzobon: "A solução seria colocar um entre aspas do Barusco [Pedro Barusco, ex-executivo da Petrobrás], que disse na colaboração que 'Zwi [Skornicki, lobista do estaleiro Keppel Fells] pagava propina de Keppel' delação de Musa [ex-gerente da Petrobrás, Eduardo Costa Musa]", afirma Pozzobon 

Confira trechos das mensagens entre os procuradores 
(Reprodução/DCM)

O que eles tentam acertar é a versão de que Pedro Barusco, em sua delação havia ligado em sua ligação que Zwi e a Keppel ao pagamento de propina de agentes políticos. Com o objetivo de dar mais veracidade as afirmações, Roberson sugere que o mesmo artificio, ou seja, Pedro Barusco, seja repetido na delação de João Carlos de Medeiros Ferraz, ex-presidente da Sete Brasil. 

"ISSO COLOCARÁ LULA EM CENA"

Deltan Dallagnol diz que pagamentos a JS [João Santana] foram a partir de 2012 e que "coloca mais a Dilma do que o Lula, não?". Depois da conversa, Pozzobon volta à carga contra Keppel, e Zwi, argumentando que o lobista "destinava parte de sua comissão como propina". "Mas que eles [a empresa Keppel] se beneficiaram de contratos e aditivos, eles se beneficiaram"

Trecho do diálogo em que os procuradores tinham como objetivo colocar o ex-presidente Lula em cena 
(Reprodução/DCM)



A ideia era que além dos alvos, o objetivo, segundo Pozzobon é que as delações "afundem de vez a Odebrecht".


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