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| GP da França de 1968, largada. (Reprodução) |
Ano de 1968, fatalidades e uma das perdas mais avassaladoras e triste da história da F1
BRUNO DAS
Para quem assiste a F1 nos dias de hoje, sabe que a segurança é uma das maiores prioridades da maior categoria do automobilismo, só que isso não chegava nem perto de ter este quesito principalmente na década de 60, a falta de segurança, carros que pegavam fogo com facilidade, pista sem ter a menor condição de ter proteção, fiscais de pista que não tinham sequer condições de ter o mínimo de instrução em pronto ajuda num período em que 3 a 4 pilotos morriam a cada ano.
Voltamos a 1968, um ano trágico para a F1, isso porque a categoria perdia seu maior talento da época, Jim Clark, o escocês voador se espatifou no GP da Alemanha em Honckenhaim, numa corrida de F2 em que seu Lótus saiu da pista e colidiu contra uma árvore, ceifando a vida do bicampeão aos 32 anos. Clark já tinha vencido a primeira prova e num intervalo de quatro meses, quando disputava uma prova de F2, por insistência da equipe e do patrocinador, perderia a vida.
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| Jo Schlesser, piloto que já estava com quase 40 anos, mas era um novato na categoria e esta seria a primeira e última prova de sua vida (Reprodução) |
E ainda correndo em Indianápolis, a Lótus levou três carros e um deles corria o piloto Mike Spence, que morreu quando seu carro colidiu contra o muro e o pneu acertou sua cabeça ceifando sua vida. E outro que também perdera a vida foi Ludovico Scarfiotti, este herdeiro e filho de um dos fundadores da Fiat que ao correr num carro de turismo, sofreu acidente fatal.
Após três fatalidades a imprensa questionava, até quando isso? Mas o pior não havia acabado e no GP da França. Para tentar voltar a brigar por vitórias, a Honda projetou o modelo RA302, um chassis inteiramente feito em magnésio, um material mais leve, porém muito mais inflamável.
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| Piloto Jo Schlesser com sua Honda RA302 feita de magnésio, altamente inflamável (Reprodução) |
Piloto da equipe desde 1967, o campeão mundial John Surtees testou o novo carro, mas deixou claro que o modelo ainda não estava pronto para correr. E mais: disse que era uma "armadilha mortal". Da pior forma, o tempo mostraria que o inglês tinha toda a razão.
Surtees preferiu continuar com o RA 301, este modelo antigo que na visão do campeão era mais seguro e foi competir com este carro no GP da França. Então equipe lançou o RA302 e convidou o já veterano Jo Schlesser, profundo conhecedor do circuito de estrada de Rouen para pilotá-lo e iniciar o desenvolvimento, no entanto, Jo Schlesser apesar de seus 40 anos de vida, era novato na categoria e esta seria sua primeira e última corrida de sua vida.
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| Acidente fatal de Schlesser, piloto francês ficou preso dentro do veículo de cabeça pra baixo, sem poder ter como sair e morrendo carbonizado (Reprodução) |
De fato, o RA302 estava muito aquém dos demais em competitividade. Nos treinos, Schlesser obteve a 17ª e penúltima colocação, com uma gigantesca desvantagem de 8s4 para o pole position Jochen Rindt (Brabham). Com o carro antigo, Surtees foi o sétimo colocado, com um tempo seis segundos mais rápido.
Na largada Jack Ickx tomou a ponta, seguido de Jackie Stuart, Jochen Rindt largou mal e caiu para terceiro. Lá atrás, Schlesser ganhou uma posição, superando Johnny Servoz-Gavin. Mas tudo acabaria minutos depois.
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| Quando os fiscais conseguiram tirar Schlesser do carro destruído, o francês já estava sem vida (Reprodução) |
Durante a terceira volta, Schlesser perdeu o controle do carro na curva Six Fréres, uma das mais velozes e perigosas do traçado, contornada para a direita. A traseira escapou e o RA302 bateu no barranco à esquerda, imediatamente explodindo em chamas.
O piloto francês não teve a mínima chance. O tanque estava cheio de gasolina e rapidamente o fogo se espalhou. Preso no cockpit, o Schlesser foi queimado até a morte, enquanto os bombeiros chegaram ao local do acidente quando já não havia a mínima esperança de resgatar Schlesser com vida.
Naquela época, não tinha bandeira amarela, entrada de Safety Car e muito menos paralisação da prova, então a corrida continuou, com os carros passando por uma estreita faixa de traçado que não o fogo não atingiu. Um caminhão de bombeiros ficou na pequena área de escape entre o asfalto e o barranco no qual o carro de Schlesser bateu para apagar o restante do incêndio que insistia em queimar.
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| Jack Ickx foi o vencedor da trágica prova na França (Reprodução) |
Depois da corrida, a chuva chegou no circuito e Jack Ickx conquistaria sua primeira vitória a bordo da Ferrari. De forma irônica o segundo colocado dessa corrida, foi John Surtees, este que se recusou a correr no carro em que seu companheiro (Schlesser) morreria por dizer que o monoposto não era seguro.
Amigo de Jo Schlesser, Guy Ligier fez uma singela homenagem quando virou dono de equipe. Todos os carros que construiu passaram a ter na denominação as iniciais JS.
Por ironia do destino, o torcedor brasileiro conheceria mais a fundo o sobrenome Schlesser quando o sobrinho de Jo, Jean-Louis, se envolveu num acidente com Ayrton Senna na penúltima volta do GP da Itália de 1988. O retardatário Schlesser não se afastou o suficiente, Senna também arriscou na manobra, e o choque foi inevitável. Coisas do automobilismo.
Um piloto que estava começando na F1 que havia de esforçado muito para estar lá mesmo com a idade avançada (38 anos) mas que infelizmente tudo se acabaria em poucas voltas. Schlesser pode ter tido a experiência necessária mas certamente dizer que a culpa do acidente foi devido a sua falta de experiência, seria absurdo, pois a pista ruim e um carro que não era pra estar fazendo uma prova custaria a vida do piloto.
Após o acidente fatal de Schlesser, a Honda sairia da F1 o final daquela temporada e só voltaria na década de 80 a categoria como fornecedora de motores. E somente em 2006 o time voltaria como equipe oficial, comprando a BAR, hoje o time foi comprado na F1, por nada mais, nada menos que a Mercedes.
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