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Piloto norte-americano Michael Andretti pela McLaren em 1993 (Reprodução) |
Piloto tinha tudo para seguir os passos do pai, Mário Andretti na principal categoria do automobilismo mas acabou fracassando e sendo descartado logo depois na McLaren
SULIVAN DAMASCENO
Para aqueles que acompanham o automobilismo desde o começo dos anos 90 ou até antes, deve se lembrar do norte-americano Michael Andretti, que foi promissor e fez história na Fórmula Indy, sendo campeão em 1991 de forma avassaladora. Isso o fez ser bem cobiçado não só nos Estados Unidos, mas também em outras categorias, principalmente no ciclo da F1.
Mas antes de contar um pouco da história de Michael Andretti, vamos relembrar seu pai, Mário que também correu pela F1, se consagrando campeão em 1978 pela equipe Lótus. Chegou a correr também pela Endurance e pela Nascar e por último claro, a F-Indy, então com o sucesso que teve o pai, esperava-se que Michael, que tinha acabado de ser campeão na Indy, trilharia os mesmos passos do pai na F1, leigo-engano. Em suas palavras:Estávamos no mesmo hotel, e eu nem sequer falava com ele", relembra Andretti ao se lembrar da conversa com seu pai, Mário.
Antes de Michael se tornar piloto oficial da McLaren, o americano após conquistar o título na Indy (91) tinha assinado um pré-contrato com a Ferrari para 1992. O dono na época da equipe Newman-Haas, Carl Haas disse que não iria segurar Andretti, caso ele recebesse proposta da F1, no entanto:
"Quando eu trouxe o contrato (da Ferrari) para Carl, ele disse: 'não vou deixar você ir', eu respondi: 'Você disse que deixaria". Eu fiquei muito, mas muito revoltado
No ano seguinte ao título (91), Andretti abriu conversas com a McLaren para 93, mesmo fazendo uma ótima temporada na Indy, onde terminou com o vice-campeonato. Então Andretti conseguiu finalmente liberação naquele ano da Newman-Haas.
Por outro lado a McLaren estava passando por um momento turbulento, pois a Honda estava para sair da F1 e o time não tinha negociado com nenhuma fornecedora de motores para 93. Ron Dennis, chefe do time na época tentou meio que na correria trazer os propulsores Renault, o mesmo que a Williams teria para aquela temporada, tentou inclusive comprar a Ligier, mas não foi bem sucedido na empreitada.
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Michael Andretti na equipe McLaren nos testes em 1993 (Reprodução) |
Por outro lado a equipe inglesa enfrentava um grande problema sobre a definição de seus pilotos, já que Gerard Berger estava de saída para a Ferrari e Ayrton Senna ainda não havia assinado para a temporada. E a questão da Honda, que além de fornecer motores para a escuderia, o time injetava dinheiro na McLaren e pagava metade do salário de Ayrton e o brasileiro tinha negociações avançadas com a Williams, mas foi vetado por Alan Prost que tinha apoio de peso da Renault.
E o carro de 92 era problemático e tanto Senna como Berger sofreram com o monoposto e ficaram bem atrás das Williams chegando a perder para a Benneton de Michael Schumacher. No final da temporada 92, o brasileiro tricampeão terminou em quarto no mundial e Berger um ponto atrás em quinto.
Michael Andretti após testes com o McLaren agradou Ron Dennis que despertou o interesse. O norte-americano ainda ficou em dúvida se ia pra F1 ou continuaria nos Estados Unidos pela Indy.
Em 93, Senna ainda sem contrato na McLaren e Michael Andretti aceitou o convite para ser piloto no time, chegou até a anunciar o novo modelo. Para não ter risco de ficar sem outro piloto, o finlandês Mika Hakkinen estava lá para uma possível não continuidade de Senna no time, então Senna decide assinar por corridas com a McLaren e Hakkinen vai para piloto reserva e assim está formada o time naquele ano, Ayrton Senna e Michael Andretti.
Para tentar fazer o MP4-8 que foi lançado no inverno em Silverstone, a McLaren monta parceria tecnológica com a TAG no pacote eletrônico. Entretanto, Ron Dennis teve que se contentar em trazer os velhos propulsores da Ford para equipar os carros naquele ano. Já que o melhor motor da Ford tinha ido para a Benneton, apenas na metade da temporada, a Ford cedeu um motor mais sofisticado e atualizado para a McLaren mais por causa da pressão do Ron Dennis e de Ayrton Senna e isso foi crucial para o carro andar bem atrás da Williams.
Michael Andretti não estava nada bem na pista e para piorar sua situação o time (devido a mudança de regulamento) não poderia realizar testes privados com o carro, isso dificultou demais a sua adaptação. E além disso durante os treinos livres, cada piloto só podia completar 23 voltas.
Na primeira prova ocorrida na África do Sul, Michael Andretti nem sequer conseguiu largar com problemas na embreagem. Quando largou bateu, perdeu uma roda e abandonou.
Na segunda corrida, realizada no Brasil em Interlagos, Michael Andretti bateu logo na largada em Berger onde o carro chegou a decolar em um acidente bem grave, onde o piloto por precaução foi parar no hospital e teve vários danos materiais. Em Mônaco ficou uma volta atrás de Ayrton Senna, que ganhou a corrida e este bateu novamente em Berger, desta vez por culpa do austríaco, mas voltou a pista e terminou em oitavo.
Finalmente na Espanha conseguiu marcar seus primeiros pontos terminando em quinto. Mas mesmo assim, as críticas sobre o norte-americano foram intensas, principalmente no quesito comprometimento, já que Andretti ainda morava nos Estados Unidos.
Na Europa, Andretti estava indo bem na largada e acompanhando Senna, mas bateu em Karl Wendlinger e abandou no final da primeira volta. Na Inglaterra e na Alemanha sofreu novos acidentes.
E para piorar a situação de Andretti o seu companheiro era nada mais, nada menos que Ayrton Senna, onde o brasileiro estava em grande fase e levando o fraco carro da McLaren no braço nas provas. Era um verdadeiro passeio de Senna sobre Andretti na McLaren, já que o tricampeão era cerca de dois a três segundos mais rápido que o filho do campeão de 78.
Michael Andretti acabou fazendo uma grande corrida na Itália, em Monza, terminando no pódio em terceiro lugar, mas não adiantou pois Ron Dennis já havia tomado a decisão de demiti-lo e efetivar Mika Hakkinen em seu lugar. Andretti só correu o GP de Monza, pois seu pai, Mário pediu para que o filho corresse lá.
Andretti poderia ter continuado na McLaren para 94, já que Senna sairia do time e iria para a Williams. Mas Michael não quis saber mais nada da principal categoria.
Depois da demissão de Andretti, Ayrton Senna declarou que foi "injusta" e que perdeu um dos melhores companheiros que teve. Andretti mesmo admitiu depois que o tricampeão morreu em 94 que aprendeu com o brasileiro no time.
Michael Andretti admite que depois guardou mágoa e ressentimento de Ron Dennis pela demissão e por ter dito publicamente após a sua dispensa após ser questionado o por que demitiu o norte-americano: "É incompetente pata guiar meus carros". Hoje dono de que equipe e com um pé na F1, Michael voltou a ter parceria com a McLaren: "Não tenho mais ressentimentos com a McLaren já que ele (Ron Dennis) não está mais.
Fonte: Sulivan Bruno e Memory News
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