De Cesaris: Uma carreira simples marcada por acidentes espetaculares, pódios mas sem vitórias

 

Andrea De Cesaris (Reprodução) 

Piloto ficou 14 anos na principal categoria do automobilismo e teve como destaque os seus acidentes espetaculares 


SULIVAN DAMASCENO 

Década de 80


Quem acompanha a Fórmula 1 desde o início dos anos 80 até praticamente a metade de 90, deve se lembrar de Andrea De Cesaris. Um piloto italiano que ficou marcado na principal categoria mais pelos acidentes que provocava na pista do que seus feitos.


Filho de um comerciante abastado que depois se tornou representante da marca de cigarros, Marlboro em Itália, começou no kart e depois foi o rei das pistas. Em 1979 foi vice-campeão da Fórmula 3, e em 1980 onde Chico Serra foi o campeão, na escuderia Project Four, de Ron Dennis (futuro patrão na McLaren).


Sua chance na F1 foi no final da década de 80, na Alfa Romeo substituindo o experiente Vittorio Brambilla nos GPs dos Estados Unidos e Canadá, onde abandonou ambas as corridas.


Em 1981 transferiu-se para a McLaren, onde destruiu 22 chassis logo de cara na primeira temporada completa, chegando a ser apelidado de "De Crasheris" (significa um trocadilho com o seu nome e 'crash' que significa colisão). No final da temporada, Ron Dennis perdeu a paciência e o demitiu, marcou apenas um ponto, chegando em sexto, com 1 ponto.


Em 1982, apesar dos acidentes, De Cesaris era rápido e isso lhe rendeu fruto, conquistou a única pole de sua carreira em Long Beach, EUA. Seu primeiro pódio aconteceu no bagunçado GP de Mônaco onde naquela corrida vários pilotos abandonaram a prova no final da prova, depois conseguiu mais dois segundos lugares (Alemanha e África do Sul), fez uma atuação de gala, largando na 3ª posição e ultrapassando Alain Prost e Patrick Tambay, depois do Pit volta ao segundo lugar, tinha tudo para lutar pela vitória mas seu motor estourou. Ficou na Alfa Romeo de 1982 a 83.


Em 84 e 85, vai para a equipe Ligier mas seus resultados foram modestos, tendo seu melhor resultado um quinto lugar em Kyalami, onde seu companheiro era o veterano Jacques Laffite. Neste ano, De Cesaris sofreu o acidente mais espetacular de sua carreira, onde seu monoposto capotou várias vezes, destruindo o carro azul #25, onde o piloto não sofreu um arranhão sequer, mas o dono da equipe Guy Ligier perdeu a paciência e o demitiu.


Em 1986, De Cesaris vai para a Minardi, não consegue marcar nenhum ponto conseguindo como melhor resultado um oitavo lugar. Em 1987 vai para a icônica equipe Brabham, mesmo sendo um time outrora campeão, De Cesaris enfrenta problemas de patrocinador e a escuderia estava em decadência e consegue um feito heróico, um terceiro lugar, lhe dando o 14° na classificação geral.

Em 1988 se transfere para a Rial, um novo projeto em que o italiano era a "alma" do negócio. Consegue um quarto lugar com o carro equipado de motor Ford-Cosword e na classificação - geral o 15° lugar.


De Cesaris na Jordan (Reprodução)



Década de 90


Em 1989 foi a Scuderia Itália (conhecida por ser Dallara) e o momento mais icônico foi no GP de Mônaco quando estava em quarto, até tocar em Nelson Piquet (Lótus) que vinha de retardatário, ambos acabaram batendo boca dentro de seus carros, no GP do Canadá consegue o último pódio de sua carreira em terceiro lugar e termina o campeonato em 17°. Em 1990 continua no time e sofre 12 abandonos e termina em 22° totalmente zerado.


Em 1991 estréia na estreante Jordan, um time que mostrava evolução. No GP da Bélgica, estava em um belo segundo lugar, pressionando Ayrton Senna que estava com problemas em passar as marchas de seu McLaren. Mas faltando duas voltas pra terminar o motor Ford estourou, com um carro estreante terminou em nono lugar com 32 pontos.


No ano seguinte (92), Eddie Jordan quis a permanência do campeonato para 1992, mas o novo patrocinador que era da Barclay, rival da Marlboro não quis o italiano e ele teve que ir para a lendária Tyrrell. Na escuderia o experiente piloto conseguiu oito pontos e o nono lugar novamente no campeonato, no ano seguinte ainda no time de Tyrrell (93) não conseguiu marcar nenhum ponto e a equipe troca os propulsores da Ilmor pelos da Yamaha, sendo o melhor resultado um décimo lugar.




Temporada de 94 e o fim de carreira


A temporada de 94 Andrea De Cesaris estava fora da F1 e apareceu de forma pontual para substituir o titular Eddie Irvine, onde este se envolvera num acidente ao qual ele provocou com vários pilotos e causou um gancho para o irlandês. Ainda este ano, o austríaco Karl Wendringer se envolveu num acidente gravíssimo em Mônaco onde quase lhe custou a vida e por conta disso o substituiu na Sauber.


Piter Sauber ainda o queria em mais duas corridas por causa da falta de condições de Wendringer em voltar a pilotar, entretanto, o italiano agradeceu o convite mas não quis voltar e decidiu curtir as praias. E assim terminou 94 com 4 pontos e o 20° lugar.


Vida após a F1


De Cesaris ficou sumido da mídia por dez anos, até aparecer novamente como corretor da Bolsa de Monte Carlo e Windsurf nos tempos livres. Fez doações para as vítimas de tsunami em 2004 do Sri Lanka. Entre 2005 e 2006 correr na Grand Prix Máster.


Morte trágica


Andrea De Cesaris estava de moto quando se envolveu num acidente no dia 5 de outubro de 2014 aos 55 anos. Ele havia se chocado no guard rail em uma estrada de Roma.

E assim termina a carreira de um piloto marcado por seus acidentes espetaculares e seu estilo de pilotagem sempre corajosa e agressiva.

Fonte: MEMORY NEWS 

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